Fotografia de Alfredo Cunha
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idades
O espelho
Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
ao tentar mostrar que sou eu.
Os outros de mim,
fingindo desconhecer a imagem
deixaram-me, a sós, perplexo,
A idade é isso: o peso da luz
com o que nos vemos.
E amei
Eu sonhei
como se fosse o último primeiro homem.
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Amam-me demasiado
a que livremente me condeno.
O espelho
Esse que em mim envelhece
assomou ao espelho
ao tentar mostrar que sou eu.
fingindo desconhecer a imagem
deixaram-me, a sós, perplexo,
com meu súbito reflexo.
A idade é isso: o peso da luz
com o que nos vemos.
cidades
O urbano visita a savana
Olhou a paisagem
e seus infinitos
Despois de inspirar fundo,
perguntou
-A imagem está óptima.
Mas, não tem legendas?
Divindandes
Depoimento
Eis o meu contento:
nunca pisei chão que fosse meu.
E o quanto sonhei
foi um desfolhar de estação,
uma pluma sem destino.Eu vi o vazar dos rios
e vivi sem saber onde eu estava vivo.
E amei
como se nunca antes
ninguém tivesse amado.Eu sonhei
como se fosse o último primeiro homem.
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Raiz de Orvalho
....
Assim me debruço
na janela do poema
escolho a minha própria neblina
e permito-me ouvir
o leve respirar dos objectossepultados em silêncio
e eu invento o que escrevo
escrevendo para me inventare tudo me adormece
porque tudo despertaa secreta voz da infância
as coisas de que me lembro
e eu entrego-me
como se me furtasseà sonolenta carícia
desse corpo que faço nascer
dos versosa que livremente me condeno.
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