terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

BASSOPA SIDA

BASSOPA SIDA DLHAYA, MESMO!!!

      O Atanásio era tão malandro e normal como todos os outros.
      Um jovem que sabia escutar.
(...) Quantas tardes não passou a ele no Bairro dos Pescadores, lá prós lados da Costa do Sol, todo ele feito ouvidos escutando o «Kokwana» que relatava experiências vividas no ocêano que banha a costa do seu bairro.
      Na esplanada do Continental, escutava as conversas das mesas vizinhas. Na Mafalala, bairro onde era bastante conhecido, escutava os relatos emocionantes de roubos, ataques e fugas dos mafiosos lá do bairro.
       Na escola, escutava o que a juventude estudantil discutia diariamente. Falta de condições, o IVA, custo de vida e claro o HIV/SIDA que apesar de tudo nem era o tema mais debatido no «campus» da escola.
     -«Eh Joe, essa treta do SIDA é mentira».
     -«Mas morre gente».
      -»Morre, onde?»
      -«Sei lá, nos hospitais. No Uganda, em Nova York».
     -«Ah pois, lá longe, não é? Olha isso do SIDA, para mim não pega, é mas é uma grande «peta» para nos assustar, pois os velhos dizem que nós andamos descontrolados e agora inventaram isso para ver se ficamos com medo e passamos a viver vidas de matreco».
     -«Não. Morre gente. A sério...»
     -«Ok, ok, quando eu vir uma vítima com esse SIDA então vou acreditar».
Atanásio andava sempre prevenido com uma carteira de JEITO, uma daquelas que se encontram em qualquer farmácia.
     Sempre que Atanásio fosse a cama com uma namorada, quando chegava a «altura» pedia para se agasalhar à deusa que, mais roupa teve neste mundo(...)
    -Só uma vez debaixo dos poderes hipnóticos e supersexuais de uma trintona casada, é que Atanásio se esqueceu de vestir o seu orgão sexual.
      Foram dias de terror para Atanásio, os que seguiram ao pequeno romance de hora do almoço com a mulher do outro. pois o HIV/SIDA não lhe saía da cabeça.
      Ele bem se tentava acalmar, pensando que ela era casada e por isso livre de doenças. Mas o SIDA insistia: E o marido dela? Sabes por onde onde ele anda? Será que nos seus engates nas barracas se lembra de usar preservativo?
      Atanásio não conseguia aguentar a tortura mental (...) e decidiu certificar se tinha ou não essa porcaria do HIV/SIDA.
     Os testes foram feitos e o tempo que demorou a receber os resultados foram de verdadeiro sofrimento.
      Quando chegou a hora de regressar ao hospital para saber a verdade, Atanásio não queria ir. E se tenho SIDA?
      Com muitíssimo esforço e sacrifício Atanásio lá conseguiu chegar e saber a verdade.

Excerto do Conto «E se Tenho Sida?»



BIOGRAFIA
Alexandre Perez Azedo nasceu em Janeiro de 1948 na cidade de Lourenço Marques, onde frequentou v´rias escolas.
De 1969 a 1984, viajou pelo norte de África, Médio Oriente, Europa e Américas, como jornalista  «freelance» e absorvendo experiências que por vezes se reflectem na sua escrita.
Através da NORAD, regressou 15 anos depois a Moçambique. Foi colaborador na nágina «Militar» - onde foram publicados os textos integrantes do seu primeiro livro Mikulungwana em 1988 - Opinião e Juvenil do Semanáio DOMINGO, também tem trabalhos publicados na revista TEMPO, jornais NOTÍCIAS e METICAL, semanários SAVANA, DEMOS e CAMPEÃO, onde era colunista semanal.

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