Aldino Frederico de Oliveira Muianga, ou simplesmente Aldino Muianga nasceu em Maio de 1950 no Bairro Indígena, nos subúrbios da cidade de Maputo (ex-Lourenço Marques).
Fez o ensino primário na Escola Missionária de S. Miguel Arcanjo e o ensino secundário no Liceu António Enes, em Maputo
É lincenciado em Medicina pela Universidade Eduardo Mondlane, e especializado em Cirurgia Geral.
Aldino Muianga começou a escrever desde a adolescência, como colaborador no jornal de parede coordenado pela Mocidade Portuguesa no liceu que frequentava. Nesse jornal publicou alguns poemas, de uma vasta obra que perdeu na totalidade.
A sua primeira publicação oficial foi o conto A Vingança de Macandza no semanário Tempo, em antologias, em Portugal e no Brasil. Foi coordenador da página literária da revista SAPES editada no Zimbábwè, onde publicou ensaios sobre a Literatura Lusófona nos paises africanos.
Foi colaborador de primeira linha na revista Charrua, editada pela Associação dos Escritores Moçambicanos, de que é membro activo.
Ao longo da sua carreira publicou os seguintes livros:
- Xitala Mati (contos), 1.ª edição, 1987; 2.ª edição, 2007
- Xitala Mati (contos), 1.ª edição, 1987; 2.ª edição, 2007
- Magustana (novela), 1992;
- A Noiva de Kebera (contos), 1999;
- Rosa Xintimana (romance), 2001; (Prémio Literário TDM);
- O Domador de Burros (contos), 1.ª edição, 2003; 2.ª edição, 2007; (Prémio Literário Da Vinci);
- Meledina ou história de uma prostituta (romance), 1.ª edição, 2004; 2.ª edição, 2008;
- A Metamorfose (contos), 2005;
- Contos Rústicos (contos), 2007;
- Contravenção (romance), 2008 (Prémio José Craveirinha - 2009).___________________________________________________________
CONTRAVENÇÃO
Uma história de amor em tempo de guerra
«- Okay! Se preferes assim, então deixo ficar. Mas todo o mundo há-de saber que a grávida é tua. Hoje mesmo vou falar com o ministro e com a tua mulher. E mais. Vou informar lá na sede nacional do Partido. Vai ser uma escandaleira que nem queiras saber! Hás-de saber quem é a Filipa Moto-Moto. Eu sou filha da minha mãe e não uma dessas da rua...- levanta-se da cadeira com movimentos desempenados, pronta a retirar-se.
- Espera, espera!- diz Kazulo, com as mãos no ar, em sinal de rendição, numa tentativa de viragem para a reconciliação.
– A conversamos assim não chegamos a lado nenhum. Se se puder dar um jeito nisso, por que não tentar? Mas, caramba, como arranjaste isso?
- Que se pode dar um jeito, lá isso pode-se. Falei com uma enfermeira do Hospital José Macamo que diz que pode ajudar (...)»
Senhor Derector Miro Kazulo
Bairro Hanhane, 3 de Utubro de 198...
Vossa Excelência
Serve esta missiva para lhe cumprimentar e desejar boa saúde na junção da tua família.
Senhor derector, esta carta é sobre do prazo do pagamento do empréstimo dos oitenta mil meticais que espirra no dia deje deste mês. Caso o contrário, não pagar na data que a gente combinámos, a questão vai parar no Terbonal.
Junto com esta vai fotocópia do contrato.
Manda cheque avisado com o motorista que custuma vir buscar carne.
Adeus.
A Luta Continua!
Independência ou Morte, Venceremos!
Unidade, Trabalho e Vigilância.
NB: não aceito mais vales, nem para leitão, nem para cabirrito, nem mesmo para coelho!
Petrosse Nkumalo
(Derector da Empresa Agro-Pecuária Caprinos e Suínos de Moçambique Ltd)
C/c: Ministério de Indústria Energia
Sede Nacional do Partido
Dereção Nacional dos Camins- de-Fero
Secretaria de Estado de Indústria Alimentar
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O DOMADOR DE BURROS
Estabeleceu com a autoridade do matadouro municipal um contrato que o habilita a fornecer-se de miudezas das cabeças ali abatidas. Simultâneamente gerente e trabalhador da sua própria empresa, cobre todo o Matorsine, o Vulcano e o Chamanculo, Muzinga, o ajudante, tem como zonas de influência o Minkhokwéne, O Silex e parte do bairro do Cemitério.
– Fiiiuuu...Fiiiâââ!...- é o assobio, estridente, que se eleva sobre as cercas de caniço. – Fiiiuuu!... Fiiiâââ!...
– É o homem das tripas – palavras passa palavra. As donas-de-casa deixaram as esteira e os afazeres para, de pratos e tigelas nas mãos, cercarem o talheiro ambulante.
– Não precisam de se empurrar. O fornecimento chega para todos – anuncia, diligente, com os olhos a luzirem de alegria. O negócio é promissor. Ao lado do burro, serve a clentela com prestreza e astúcuia. Uma mão faz de balança, a outra retalha um pedaço.
– São dois escudos - comunica à clientela acabada de servir. Os caixotes transbordam de miudezas e vísceras: desde as bexigas. Regalo da miudagem e matéria-prima com que se improvisam bolas de futebol
Excerto do conto «O Domador de Burros»
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ROSA XINTIMANA
Quando a madrugada batia à porta adormeceu profundamente, com a imagem da Tia Rosita a assoprar-lhe ternuras aos ouvidos. Sente as mãos dela, quentes e papudas, entre as suas, e belisca-lhe significativamente as palmas com os dedos indicadores. E ela a rir-se alto, a achar graça à mensagem. O corpo alentado e nu estremece com o riso. Os seios pesados e suculentos pendulam nas fingidas esquivas às carícias. As coroas negras à volta dos mamílos espetados são olhos de convite na meia claridade do quarto. As mãos dele deslizam pelo corpo meio suado, abraçando-se ao traseiro empapuçado e escorregam para a macicez das coxas. Os corpos de ambos fremem num incontrolável desejo de posse. É ela agora a arfar, a murmurar coisas que ele não entende. Num arrebatamento final envolvem-se num prolongado e convulsivo acto de amor.
Excerto do romance «Rosa Xintimana»
Como faço para comprar os livros de Aldino Muianga? Tem algum e-mail para falar com ele?
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