A escrita de Manjate é ela mesma silvestre no sentido em que explora com a força de uma outra natureza o chão da alma moçambicana.
São breves mais intensos, verdadeiros instantâneos que captam os conflitos e as tenções do quotidiano em Moçambique. Escrita às vezes dolorosa, às vezes esperançosa, realista mas sempre carregada de poesia. O autor brinca com a solenidade dos mitos e coloca-os a passear no quintal da Malanga, a rezar esperas no Bazuca, a investir esperanças na baliza do Maxaquene.
São breves mais intensos, verdadeiros instantâneos que captam os conflitos e as tenções do quotidiano em Moçambique. Escrita às vezes dolorosa, às vezes esperançosa, realista mas sempre carregada de poesia. O autor brinca com a solenidade dos mitos e coloca-os a passear no quintal da Malanga, a rezar esperas no Bazuca, a investir esperanças na baliza do Maxaquene.
As histórias do Majate vão celestiando os nossos olhos de leitores, incapazes de ceder à tentação de cumplicidade na invenção de um país em que nem tudo a chuva levou.
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(...) Sentado na mafurreira, centro do mundo, Ndhavene toca viola de lata de azeite. No mi insustenido acaricia a miséria toda com as suas falangetas, a melodia entra no compasso do pilão de zero amendoins marcado pelas mamanas lá em casa. Enquanto isso, mãos excedentárias namoram a terra virgem. A chama acesa dos seus olhos viola o futuro no jogo de ncuva. Gangiçam pedrinhas e areias em cada volta ao mundo, phà! Um, dois! Enquanto o nthònthònthò na garganta pressagia a morte lenta, dzomu! dzomu! até ncancular a vida.
A alegria interior é rasteira(...). O sinal abre-se: na Malanga, as rodas de amor derrapam pelos becos dos quintais fardados de caniço.
-Ao mê-dio naufragamos no suor... apetece-me dizer ao patrão: Patrão, gota-a-gota do meu suor, não vais fazer poço nenhum, rio já eu era.
- E eu Monasse? Cá em casa amarro a capulana e sonho uma reza para a monarquia da nosssa pobreza.
A bola de vusvà com magumba finta os intestinos.
-Monase, estás ouvir? Ndhavene não pára tocar viola dele?
-Já são as cordas a tocarem seus dedos.
-Eu acredito aquelas cordas, dia após noite, estão a construir jantar para nosso coração.
Eh, Ndhavene não pára, toca até envergonhar-se a pobreza na marrabenta; viola de lata de azeite toca o azeite que não chega a Malanga. Toda a noite, toca o amor na dança das ondas do caniço e maderazinco.
- Malindane, coração do amor que é o amor é dois.
Gangiçam-se no sorriso do vento que os carrega na nkulunguana e amarram capulana. Quer aonde quer!
(...)Entanto, o diapasão de todas as marrabentas da viola de lata de azeite do Ndhavene, sentado na mafurreira, centro do mundo, toca mil hossanas e pede por nós dez mil pedidos humildes de alegria.
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Excerto do conto «Amor Silvestre»
A alegria interior é rasteira(...). O sinal abre-se: na Malanga, as rodas de amor derrapam pelos becos dos quintais fardados de caniço.
-Ao mê-dio naufragamos no suor... apetece-me dizer ao patrão: Patrão, gota-a-gota do meu suor, não vais fazer poço nenhum, rio já eu era.
- E eu Monasse? Cá em casa amarro a capulana e sonho uma reza para a monarquia da nosssa pobreza.
A bola de vusvà com magumba finta os intestinos.
-Monase, estás ouvir? Ndhavene não pára tocar viola dele?
-Já são as cordas a tocarem seus dedos.
-Eu acredito aquelas cordas, dia após noite, estão a construir jantar para nosso coração.
Eh, Ndhavene não pára, toca até envergonhar-se a pobreza na marrabenta; viola de lata de azeite toca o azeite que não chega a Malanga. Toda a noite, toca o amor na dança das ondas do caniço e maderazinco.
- Malindane, coração do amor que é o amor é dois.
Gangiçam-se no sorriso do vento que os carrega na nkulunguana e amarram capulana. Quer aonde quer!
(...)Entanto, o diapasão de todas as marrabentas da viola de lata de azeite do Ndhavene, sentado na mafurreira, centro do mundo, toca mil hossanas e pede por nós dez mil pedidos humildes de alegria.
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Excerto do conto «Amor Silvestre»
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